* Por Ana Cássia Maturano
Aprender pode e deve ser algo prazeroso. Nem sempre é assim que os estudantes veem a escola. Muitos a sentem como enfadonha, sem desafios e pouco agradável. Geralmente falta a escola dar um sentido funcional para as coisas que eles aprendem – o que não basta ser dito, tem que ser vivido.
Uma das aprendizagens que é abominada pelas crianças, lutas constantes de pais e professores, é o aprendizado/decoreba da tabuada. Apesar de hoje muitas instituições não exigirem a memorização dessa ferramenta útil da matemática, outras ainda o fazem.
Há situações em que os próprios pais exigem isso dos filhos e das escolas. Encaram a não cobrança da tabuada como “ensino fraco”. E mesmo que não seja exigida, eles fazem os pequenos decorarem, ensinando, inclusive, alguns métodos de memorização – atalhos para que adivinhem o resultado.
A princípio, uma criança deve entender que uma multiplicação nada mais é que a soma de várias partes iguais, ou seja: 3 x 4 é o mesmo que 4 + 4 + 4. Em quantidades pequenas não é necessário substituir a soma por uma multiplicação. Porém, se pensarmos em 3.728 x 4.851, a coisa muda de figura.
A multiplicação serve para facilitar nossa vida, assim como a memorização da tabuada. Não há nada de ruim em memorizá-la, embora isso não seja imprescindível.
Dizer isso às crianças pode ser útil, mas pouco influenciará em sua vontade de ficar decorando as dez tabuadas. E se isso for exigido delas, corre-se o risco de que considerem a atividade tão chata, que se oponham a ela.
Nos dias de hoje, com tantas possibilidades que as crianças têm, dificilmente elas vão querer ficar horas decorando algo que vai lhes parecer sem sentido.
E como fazer para que as memorizem? Ora, fazendo com que as utilizem num jogo, por exemplo. Numa situação que lhes deem algum sentido e do modo mais natural para aprenderem algo – brincando.
Um jogo bastante interessante para esse fim, de custo baixo e que costuma provocar interesse nas crianças, é o Pega Varetas. Provavelmente, muitos adultos com os filhos em idade escolar o conhecem.
Ele consiste num conjunto de varetas de cinco cores diferentes (verde, azul, amarelo, vermelho e preto). Cada cor corresponde a uma pontuação. Joga-se as varetas numa superfície plana, de modo que elas se embaralhem, e uma a uma é tirada sem que se mexa nas outras. Após todas serem retiradas, alternando os jogadores conforme eles vão errando a jogada, cada um conta seus pontos, tendo vários de um mesmo valor.
Aqui entra a multiplicação. Por exemplo, pode-se ter como regra que em vez de somarem os pontos correspondentes a uma mesma cor, eles sejam multiplicados. Ou, após somá-los, monta-se uma multiplicação, até a criança ter mais destreza com essa operação.
Os pontos de cada cor podem ser combinados a príncipio. Pode-se começar com dois, quatro, cinco e seis (existe o preto, vareta única, que tem a pontuação mais alta), e ir variando conforme a criança tendo domínio das tabuadas.
Além de trabalhar cálculos matemáticos e estimular o uso da multiplicação, ajudando a memorizar a tabuada (de tanto multiplicar o mesmo número, a informação pode ser retida), ajuda a criança a desenvolver a coordenação motora fina e a atenção e concentração. Sem contar o prazer de jogar na companhia dos pais.
Isso mesmo, os pais não devem se iludir que basta comprar o jogo e dá-lo aos pequenos. É necessário orientá-los nessa atividade e estar junto deles.
Vários jogos podem ajudar os alunos a se desenvolverem na escola. Aprender pode ser uma gostosa brincadeira.
*Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga
Fonte: Texto publicado originalmente no portal de notícias G1
Aprender pode e deve ser algo prazeroso. Nem sempre é assim que os estudantes veem a escola. Muitos a sentem como enfadonha, sem desafios e pouco agradável. Geralmente falta a escola dar um sentido funcional para as coisas que eles aprendem – o que não basta ser dito, tem que ser vivido.
Uma das aprendizagens que é abominada pelas crianças, lutas constantes de pais e professores, é o aprendizado/decoreba da tabuada. Apesar de hoje muitas instituições não exigirem a memorização dessa ferramenta útil da matemática, outras ainda o fazem.
Há situações em que os próprios pais exigem isso dos filhos e das escolas. Encaram a não cobrança da tabuada como “ensino fraco”. E mesmo que não seja exigida, eles fazem os pequenos decorarem, ensinando, inclusive, alguns métodos de memorização – atalhos para que adivinhem o resultado.
A princípio, uma criança deve entender que uma multiplicação nada mais é que a soma de várias partes iguais, ou seja: 3 x 4 é o mesmo que 4 + 4 + 4. Em quantidades pequenas não é necessário substituir a soma por uma multiplicação. Porém, se pensarmos em 3.728 x 4.851, a coisa muda de figura.
A multiplicação serve para facilitar nossa vida, assim como a memorização da tabuada. Não há nada de ruim em memorizá-la, embora isso não seja imprescindível.
Dizer isso às crianças pode ser útil, mas pouco influenciará em sua vontade de ficar decorando as dez tabuadas. E se isso for exigido delas, corre-se o risco de que considerem a atividade tão chata, que se oponham a ela.
Nos dias de hoje, com tantas possibilidades que as crianças têm, dificilmente elas vão querer ficar horas decorando algo que vai lhes parecer sem sentido.
E como fazer para que as memorizem? Ora, fazendo com que as utilizem num jogo, por exemplo. Numa situação que lhes deem algum sentido e do modo mais natural para aprenderem algo – brincando.
Um jogo bastante interessante para esse fim, de custo baixo e que costuma provocar interesse nas crianças, é o Pega Varetas. Provavelmente, muitos adultos com os filhos em idade escolar o conhecem.
Ele consiste num conjunto de varetas de cinco cores diferentes (verde, azul, amarelo, vermelho e preto). Cada cor corresponde a uma pontuação. Joga-se as varetas numa superfície plana, de modo que elas se embaralhem, e uma a uma é tirada sem que se mexa nas outras. Após todas serem retiradas, alternando os jogadores conforme eles vão errando a jogada, cada um conta seus pontos, tendo vários de um mesmo valor.
Aqui entra a multiplicação. Por exemplo, pode-se ter como regra que em vez de somarem os pontos correspondentes a uma mesma cor, eles sejam multiplicados. Ou, após somá-los, monta-se uma multiplicação, até a criança ter mais destreza com essa operação.
Os pontos de cada cor podem ser combinados a príncipio. Pode-se começar com dois, quatro, cinco e seis (existe o preto, vareta única, que tem a pontuação mais alta), e ir variando conforme a criança tendo domínio das tabuadas.
Além de trabalhar cálculos matemáticos e estimular o uso da multiplicação, ajudando a memorizar a tabuada (de tanto multiplicar o mesmo número, a informação pode ser retida), ajuda a criança a desenvolver a coordenação motora fina e a atenção e concentração. Sem contar o prazer de jogar na companhia dos pais.
Isso mesmo, os pais não devem se iludir que basta comprar o jogo e dá-lo aos pequenos. É necessário orientá-los nessa atividade e estar junto deles.
Vários jogos podem ajudar os alunos a se desenvolverem na escola. Aprender pode ser uma gostosa brincadeira.
*Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga
Fonte: Texto publicado originalmente no portal de notícias G1
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