É um blog que vai divulgar meu trabalho em educação a partir das experiências que deram certo principalmente tem a intenção de compartilhar práticas e experiências pedagógicas, que podem auxiliar você na difícil tarefa que é ENSINAR. Sejam todos bem vindos!!
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
O que são Distúrbios de Aprendizagem?
Os distúrbios de aprendizagem podem ser encontrados em crianças, adolescentes e pessoas na fase adulta. Eles geram dificuldades que estão presentes no cotidiano da escola sendo enfrentadas por educadores e também pelos responsáveis e demais pessoas que convivem com indivíduos detentores desses problemas. Muitas vezes, crianças e adolescentes têm sua imagem denegrida por adjetivos como, por exemplo, preguiçosas e desinteressadas em função da falta de conhecimentos de seus educadores. Existe um grande número de professores que desconhecem os distúrbios deaprendizagem e não possuem as capacidades necessárias para lidar com eles, agindo de forma errônea na execução do seu trabalho. As próprias crianças são o alvo para explicar o fracasso escolar e as responsabilidades por não aprenderem são atribuídas a elas mesmas. Em muitos casos, é desenvolvida uma autoestima negativa e isso pode ser levado até a vida adulta. Além de prejudicar de forma particular essas crianças, ainda impede o envolvimento do processo de ensino de uma maneira geral, isentando o sistema
de ensino de qualquer erro ou defasagem em sua qualidade. Para analisar as
dificuldades de aprendizagem é preciso considerar o processo todo e não apenas a
capacidade de quem aprende ou deixa de aprender. Sendo assim, é fundamental que
os educadores, de maneira geral, conheçam os problemas mais comuns relacionados
à aprendizagem para saber agir diante deles ou, ao menos, encaminhá-los a
profissionais especializados.
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Os distúrbios de aprendizagem não são caracterizados pela falta de
inteligência, mas ao contrário. Muitas das pessoas que os possuem têm QI
(Quociente de Inteligência) acima da média. Eles constituem deficiências
reversíveis, tendo que receber atenção especial e formas de ensino apropriadas.
As deficiências no processo de aprendizagem podem ter diversas causas que
afetam a capacidade dos indivíduos. Exemplos delas são problemas no aparelho
auditivo ou na visão, conflitos no ambiente familiar, defasagem na qualidade do
ensino, inadaptação ao método utilizado, aversão por determinada matéria,
diferenças culturais, problemas sociais como a desnutrição, questões genéticas,
ocorrência de acidentes e muitas outras.
Em função da grande quantidade de causas que podem ser atribuídas às
dificuldades de aprendizagem, existem muitas crianças que são encaminhadas para
tratamentos médicos e psicológicos desnecessariamente. Por isso, é preciso ter claro
que o diagnóstico correto de um distúrbio de aprendizagem depende de uma série
de procedimentos como o acompanhamento constante da criança, a análise de um
especialista e condições adequadas de vida. Muitos dos problemas podem ser
resolvidos facilmente e detectar a causa deles evita que a criança passe por situações
mais difíceis e desconfortáveis sem que isso seja preciso.
Durante o curso serão abordadas as dificuldades encontradas na realização de
atividades como a leitura, a escrita, a fala, funções motoras, raciocínio e habilidades
matemáticas. Elas são percebidas, na maioria das vezes, no início do processo de
aprendizagem, quando a criança passa a frequentar a escola e surgem diferenças no
acompanhamento dos conteúdos com relação aos demais alunos da mesma faixa
etária.
A aprendizagem pode ser compreendida como um processo que se realiza no
interior do indivíduo e que provoca uma mudança de comportamento. Na sociedade
atual, o conhecimento é de extrema importância e tem diferentes significados,
atingindo o indivíduo, a família, o meio social, a escola e os educadores.
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O sucesso escolar para as crianças evidencia o seu desempenho na atuação como
aluno; para a família, o sucesso escolar dos filhos se traduz em êxito no
cumprimento de seu papel como responsáveis e educadores e, para a escola, alunos
com bom desempenho significam profissionais bem sucedidos no futuro.
Sendo assim, faz-se necessário que os distúrbios de aprendizagem sejam
conhecidos por todos aqueles que rodeiam o processo educacional, para que seja
possível uma atuação em conjunto capaz de trazer resultados efetivos. O que se
nota, é que conforme os conteúdos vão aumentando o seu grau de dificuldade e o
tempo vai passando, os obstáculos enfrentados pelas crianças também tendem
apenas a aumentar, tornando o tratamento cada vez mais difícil e intensificando as
demais questões enfrentadas pelos alunos.
1.2. Diferenças entre Dificuldades e Distúrbios de Aprendizagem
Existe uma ampla discussão entre autores e profissionais da área da educação
com relação a esse assunto. No entanto, não há um consenso ou uma posição definida
para o mesmo. Dessa forma, vamos adotar neste curso o princípio de que existem
determinadas diferenças entre os termos “dificuldades” e “distúrbios” de aprendizagem.
O termo “dificuldades” pode ser usado para designar qualquer tipo de obstáculos
encontrados pelos indivíduos no processo de ensino-aprendizagem. Eles podem ser das
mais diversas ordens. Muitas vezes, os problemas não estão no aluno, mas ligados a
elementos externos que o influenciam. Abaixo você pode ver exemplos de fatores que
causam dificuldades na apreensão do conhecimento:
Problemas sociais como a desnutrição
Ausência de motivação
Conflitos familiares
Baixa qualidade do sono
Diferenças culturais
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Deficiências na estrutura da educação: salas superlotadas; professores mal
remunerados, pouco treinados e sobrecarregados
Material didático inadequado
Inadequação metodológica
Mudanças no padrão de exigências da escola
Baixo QI (Quociente de Inteligência)
Falta de interesse
Problemas na visão
Problemas na audição
Problemas genéticos
Comprometimentos neurológicos
Problemas de ordem psicopedagógica
Assim, pode-se perceber que, independente da natureza das causas, elas podem
gerar dificuldades e até mesmo impedimentos nas capacidades de aprendizado dos
indivíduos. Porém, durante este curso, o foco será dado aos Distúrbios de
Aprendizagem. Eles também causam dificuldades no processo de aprendizagem, porém
suas causas estão ligadas a características específicas dos indivíduos que refletem em
dificuldades também específicas como será visto ao longo do curso. Abaixo você pode
ver algumas características de pessoas que possuem Distúrbios de Aprendizagem:
Apresentam quociente de inteligência normal, muito próximo da normalidade ou
até mesmo superior.
Não apresentam deficiências sensoriais, nem neurológicas significativas.
Possuem rendimento escolar insatisfatório em relação às demais pessoas que se
encontram na mesma faixa etária.
Apresentam uma disfunção no sistema nervoso central.
Suas dificuldades são detectadas, na maioria das vezes, no início da
alfabetização, quando a criança passa a frequentar a escola e nota-se suas
diferenças de aprendizado em relação ao restante do grupo.
Têm dificuldades em um aspecto específico da aprendizagem (leitura, fala,
escrita, matemática, raciocínio).
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Ao contrário das dificuldades de aprendizagem, que podem estar ligadas a
problemas externos ou a um conjunto de elementos, os distúrbios de aprendizagem
estão mais vinculados ao próprio aluno independente de questões relacionadas, por
exemplo, à estrutura geral da educação ou ao ambiente familiar e suas condições
econômicas, atingindo a criança em nível individual. Essas questões podem influenciar
de forma negativa a aprendizagem, mas não são determinantes nesses casos.
As características que devem ser observadas em crianças que possuem distúrbios
de aprendizagem, são dificuldades específicas para a realização de atividades como a
leitura, a escrita, a fala, o raciocínio e as habilidades matemáticas. Essas crianças
precisam de atenção e tratamentos diferenciados como a ajuda de profissionais
especializados, formas diferentes de ensino, escolas com recursos específicos, entre
outras.
É preciso estar claro, como já foi dito anteriormente, que a confirmação de um
diagnóstico de distúrbio de aprendizagem, depende de um conjunto de fatores e exames
específicos. Crianças com dificuldades causadas por outros motivos podem ter seus
problemas sanados quando inseridas em ambientes com qualidades diferenciadas de
organização, ambientes saudáveis e profissionais capacitados.
As dificuldades de aprendizagem podem ser transitórias quando suas causas são
tratadas ou eliminadas, enquanto os distúrbios permanecem pela vida toda, já que são
disfunções do sistema nervoso central. Eles também podem e devem ser tratados,
porém, essas ações representam alternativas para que as pessoas possam conviver de
forma saudável com suas dificuldades e saber como superá-las e não constituem curas
definitivas.
Dessa forma, a disfunção neurológica é uma característica fundamental para
diferenciar uma criança com distúrbios de aprendizagem daquelas que apenas
apresentam algumas dificuldades. Aqueles têm uma relação médica, o que explica o
fato de apenas uma pequena parte da população que encontra dificuldades de
aprendizagem, terem nos distúrbios as causas de seus problemas.
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1.3. A Educação Infantil
A existência de uma educação infantil de qualidade é fundamental para todas as
escolas que trabalham com esta faixa etária. É necessário que se tenha educadores
prontos a superar qualquer espécie de
problemas presentes em sua docência,
pois, existem diversos tipos de alunos
e, no caso dos que estamos tratando
aqui neste curso, torna-se
indispensável que todos os
professores, mas principalmente os da
área infantil, tenham conhecimentos
sobre os distúrbios de aprendizagem.
Para os pais de crianças com essas
dificuldades, torna-se mais complicado reparar esses problemas sem o apoio da escola e
de profissionais capacitados.
A escola e os pais devem caminhar sempre juntos, afinal é na instituição de
ensino que a criança passa a maior parte do tempo e, por isso, ela também deve ter
conhecimentos e ambientes específicos para pessoas que apresentam esses distúrbios,
contando com profissionais também especializados no assunto. Ao perceber que o aluno
encontra dificuldades no aprendizado, a escola deve avisar aos pais desde o início, para
que se possa buscar um diagnóstico mais preciso. Caso o aluno continue apresentando
os mesmos resultados, é necessário procurar psiquiatras infantis e pedagogos
especializados no assunto. A criança precisará de todo o apoio possível, tanto da escola
como em seu ambiente familiar.
ESTE É O FIM DA UNIDADE 1! NESTA UNIDADE VOCÊ APRENDEU QUE:
Os Distúrbios de Aprendizagem são causados por problemas no sistema nervoso
central que geram dificuldades em áreas específicas da aprendizagem.
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Existem algumas diferenças entre o termo “dificuldades” e “distúrbios” de
aprendizagem e elas devem ser consideradas quando este tema é abordado.
Para lidar com os distúrbios de aprendizagem é preciso a ajuda de profissionais
especializados.
A maior parte dos distúrbios passam a ser percebidos quando as crianças
começam a frequentar a escola e, por isso, é necessário que as mesmas estejam
inseridas em instituições de ensino de qualidade capazes de ajudá-las.
Unidade 2 – Tipos de Distúrbios de Aprendizagem
As pessoas que possuem distúrbios de aprendizagem, assim como todas as
outras, têm capacidade menor para realizar determinadas atividades e uma afinidade e
facilidade maior para outras. Essas dificuldades podem ser de diferentes naturezas e
esse será o assunto tratado nesta unidade.
Os distúrbios de aprendizagem podem ser classificados em distúrbios de entrada
ou saída. Os principais tipos de distúrbios e as diferentes implicações que eles têm na
aprendizagem serão vistos a partir deste momento.
Classificação dos distúrbios
2.1. Distúrbios de Entrada
Os distúrbios de entrada se caracterizam pelas informações chegadas ao cérebro
que podem ser através do ouvido (entrada de audição) e da visão (entrada visual). E esse
processo todo de entrada, é realizado no cérebro.
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2.1.1. Distúrbios de Percepção Visual
O distúrbio de percepção visual não se caracteriza por pessoas quem têm
dificuldades para enxergar em função de
problemas como, por exemplo, a miopia e o
astigmatismo. Nesse distúrbio, as duas
características mais presentes são:
Dificuldade em definir a posição e/ou forma do que se vê
A entrada de informação pode ser recebida com letras ao contrário ou giradas
Essas características podem fazer com que a criança confunda letras semelhantes
como o b com o d, o g com o q, o f com o v e outras variações de letras que
possuem um som parecido na hora de se dizer alguma coisa como, por exemplo, em
faca = vaca.
As crianças têm esses distúrbios detectados geralmente na fase em que estão
começando a ler, escrever e copiar letras e desenhos. Algumas das dificuldades que
elas costumam apresentar são:
Leitura (trocam as linhas na hora da leitura, pulam palavras)
Erros na avaliação de profundidade (esbarram o tempo todo nas coisas)
Não conseguem entender direita e esquerda, em cima e em baixo
Não conseguem determinar sua posição no espaço
Não conseguem participar de atividades esportivas como pegar uma bola ou
pular corda, por serem inseguras com as informações que recebem.
Essas dificuldades fazem com que a criança tenha uma limitação para fazer as
coisas, pois ela não consegue determinar a sua posição no espaço, podendo se confundir
em locais como campos abertos ou ginásios. Na hora de praticar algum esporte, por
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exemplo, ao jogar futebol, o cérebro dela vai precisar perceber a posição correta da bola
e o seu trajeto e dizer para as partes do seu corpo exatamente o que elas precisam fazer.
A má percepção de distância ou de velocidade ou a fato de seu cérebro orientar o corpo
de forma errônea, faz com que ela não alcance a bola de maneira alguma.
No momento de transmitir a informação, é encontrada uma dificuldade
consideravelmente grande, pois a criança recebe uma informação que ultrapassa o seu
objetivo ou não chega a ele, como o exemplo da bola.
2.1.2. Distúrbios de Percepção Auditiva
Assim como o distúrbio de percepção visual,
este está ligado às dificuldades da leitura. A
percepção auditiva consiste na transformação do som
para uma informação. As pessoas com distúrbio de
percepção auditiva, não conseguem fazer esta
transformação com perfeição, pois o conteúdo que é recebido no cérebro chega
distorcido, apresentando várias falhas como, por exemplo, a troca de palavras. Elas
também não têm a capacidade de processar as entradas de som tão rápido como as
outras pessoas, o que é conhecido como retardo auditivo. São características de pessoas
com distúrbio de percepção auditiva:
Dificuldades em distinguir pequenas diferenças nos sons compreendendo a
mensagem de forma incorreta. Exemplo: Confundir bala com bola.
Dificuldades com a relação figura e fundo. Exemplo: A criança está assistindo
televisão num local em que há outras pessoas conversando. Alguém, em outro
cômodo, chama a criança e começa a falar com ela. A mesma não consegue
distinguir a voz, demorando para percebê-la. Essas crianças são vistas pelos pais e
educadores como aquelas que nunca prestam atenção a nada do que lhe é dito.
Para lidar com pessoas que apresentam essas características, é preciso falar
devagar, dar as instruções separadamente para que elas consigam acompanhar as
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mesmas, entre outros cuidados. Se as falas forem realizadas de forma rápida,
provavelmente parte das informações serão perdidas.
2.1.3. Distúrbios de Integração
Esses problemas também constituem distúrbios de entrada, mas estão ligados a
outros sentidos diferentes da visão e da audição. Quando as informações chegam ao
cérebro, elas precisam ser compreendidas, o que se dá em dois momentos: a sequência e
a abstração. As pessoas podem ter esse distúrbio em uma área ou outra ou, ainda, em
ambas.
Distúrbios de Sequência
As crianças que apresentam esse distúrbio compreendem as informações
transmitidas, mas não conseguem repetir suas sequências. Veja alguns exemplos abaixo:
Uma criança pode ouvir ou ler uma história, mas, na hora de recontá-la,
pode inverter a ordem dos fatos discorrendo, primeiramente, sobre o final
e depois ir para o início da história.
Nas operações matemáticas, os problemas são entendidos, mas, as ordens
invertidas:
Exercício: 4 + 2 = ? Resposta dada pela criança: 4 + 6 = 2.
Pessoas com essas características também podem encontrar dificuldades com
jogos de tabuleiro que exijam um movimento
em sequência; ao colocar cada coisa em seu
lugar arrumando uma mesa de jantar, ou, ainda,
ao realizar a grafia de palavras, trocando a
ordem das letras. Uma criança que tem
dificuldade em dar sequência ao que é visto, tem
um distúrbio de sequência visual e outra que tenha dificuldade em dar sequência ao que
é ouvido, tem distúrbio de sequência auditiva.
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Distúrbios de Abstração
A abstração diz respeito à capacidade de dar significados às coisas. Em crianças
com distúrbios de abstração, e informação recebida é registrada e colocada na sequência
correta. Porém, não se pode fazer relações com o conhecimento adquirido e nem
significá-lo.
Exemplo: Um educador pode ler uma história sobre policiais e perguntar para a criança
se ela conhece algum policial que seja da família ou alguém com quem tenha contato.
Essa criança não tem capacidade para responder a esse questionamento, pois ela
consegue falar apenas do policial da história de forma específica e não sobre esses
profissionais de forma geral.
2.1.4. Distúrbios de Memória
Quando se recebe uma informação, além da mesma ter que ser registrada e
compreendida, ela precisa ser arquivada para que possa ser usada em outros momentos,
o que se dá através da memória. Existem dois tipos de memória: a memória a curto
prazo e a memória a longo prazo.
A memória a curto prazo se refere a guardar uma informação no momento em
que se concentra nela. Ela dura apenas minutos ou horas e faz com que seja possível
continuar as atividades ou pensamentos no presente. Um exemplo que pode ser usado é
quando alguém recebe um número de telefone. Certamente, ele poderá ser usado se a
ligação for realizada dentro de pouco tempo, mas, será esquecido se a ligação é deixada
para o dia seguinte ou depois.
Já a memória a longo prazo, refere-se ao processo em que a repetição de uma
informação faz com que ela seja gravada ou arquivada. Esta memorização faz com que
seja possível recordar-se rapidamente ao pensar nela ou levar um pouco mais de tempo,
mas, ainda assim, ter a informação na memória. Como exemplo, pode-se pensar em
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como cada um lembra o endereço de suas respectivas casas, mas encontra mais
dificuldades em lembrar o endereço de familiares ou amigos.
Crianças com distúrbios de memória, geralmente têm a sua memória de curto
prazo afetada. Esses problemas também podem atingir de forma significativa o
desempenho escolar. Muitas vezes são necessárias de 10 a 15 repetições para memorizar
algo que uma criança sem este distúrbio o faria em 3 ou 5 repetições. No entanto, essas
pessoas não possuem dificuldades na memória a longo prazo, podendo lembrar de
determinados acontecimentos nos mínimos detalhes.
2.2. Distúrbios de Saída
Assim como determinadas pessoas encontram dificuldades na forma como
recebem as informações, outras têm problemas no momento da saída de informações, ou
seja, no momento de concretização do conhecimento adquirido.
Isso é percebido quando a criança realiza ações como escrever, desenhar,
atividades motoras e outras. Quando essa dificuldade implica na escrita ou na fala, ela é
chamada de Distúrbios de Saída de Linguagem e, quando se dá na realização de
atividades musculares, é chamada de Distúrbios de Saída Motora.
2.2.1. Distúrbios de Linguagem
Os distúrbios de linguagem podem ser divididos em dois tipos: Distúrbio de
Linguagem Espontânea e Distúrbio de Linguagem de Demanda.
Distúrbio de Linguagem Espontânea
A linguagem espontânea se dá quando o indivíduo
inicia uma conversa através de um comentário, um
cumprimento ou um questionamento. Nesta forma de
comunicação, a pessoa que inicia a conversa escolhe o
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assunto que será tratado (provavelmente um do qual tenha conhecimento e facilidade
para discorrer), usa o tempo necessário para organizar seus pensamentos e encontrar as
melhores palavras para se expressar.
Porém, pessoas com distúrbio de aprendizagem espontânea, encontram
dificuldades em realizar tal tarefa, não iniciando diálogos ou, então, o fazendo de forma
inadequada.
Distúrbio de Linguagem de Demanda
Já a linguagem de demanda se dá quando alguém
iniciou uma conversa e é preciso interagir. Pessoas que
são portadoras deste distúrbio, geralmente não possuem
dificuldade com a linguagem espontânea.
Na linguagem de demanda, a outra pessoa é quem
estabelece a circunstância na qual você tem que se comunicar, de forma que não há
tempo para organizar os pensamentos e encontrar as palavras adequadas, mas, ainda
assim, é preciso responder de forma apropriada.
Pessoas com esses problemas costumam pedir para que a pergunta seja repetida,
pois, dessa maneira, conseguem mais tempo para pensar na resposta. Quando são
forçadas a dar uma resposta, o fazem de maneira confusa e é difícil acompanhá-las. Isso
pode parecer contraditório, já que este mesmo indivíduo consegue falar perfeitamente
em outros momentos como, por exemplo, quando inicia uma conversa.
Essas crianças podem ser vistas como preguiçosas pelos professores, afinal,
falam normalmente através da linguagem espontânea e, quando são questionadas, dizem
que não sabem ou simplesmente não respondem. Esse é o tipo de dificuldade que é
detectada apenas quando se conhece minimamente os distúrbios, de onde nasce a
importância de se ter profissionais capacitados para o processo de ensino-aprendizagem.
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2.2.2 Distúrbios de Atividade Motora
Os distúrbios de atividade motora podem ser divididos em dois tipos: distúrbio
de atividade motora grosseira e distúrbio de atividade motora fina.
O distúrbio de atividade motora grosseira é caracterizado pela dificuldade de
usar grandes grupos musculares. Ele faz com que a criança seja desajeitada fazendo-a
cair sobre as coisas ou enfrentar problemas para realizar atividades físicas como correr,
escalar ou nadar.
Já o distúrbio de atividade motora fina, consiste na dificuldade de realizar tarefas
que demandam que muitos músculos
trabalhem juntos. Ele é percebido quando a
criança começa a escrever. Ela apresenta uma
incapacidade de fazer com que os músculos
da mão dominante trabalhem em conjunto. A
sua velocidade de escrever não consegue
acompanhar o ritmo do seu pensamento, o que resulta em uma letra lenta e feia.
Escrever exige uma série de elementos que acabam passando despercebidos para
as pessoas que não possuem tais dificuldades como a forma, o tamanho, o espaçamento
e o posicionamento. Para crianças com distúrbios de atividade motora fina, esse
processo é muito mais complicado.
A partir desse momento serão conhecidos os principais distúrbios de linguagem
e de atividade motora, sendo que eles podem ser classificados como um e/ou outro.
Dislexia
Disgrafia
Disortografia
Afasia
Disartria
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Discalculia
Acalculia
Apraxia
Dispraxia
Gagueira
Déficit de atenção
A) Dislexia
A dislexia tem sido o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Ela reflete
na dificuldade de aprendizagem na
qual a capacidade de uma criança
para ler ou escrever está abaixo do
seu nível de inteligência. A mesma
pode ser caracterizada como uma
insuficiência para assimilar os
símbolos gráficos da linguagem.
Sua origem é congênita (nata) e
hereditária e seus sintomas podem
ser identificados logo na pré-escola em crianças que demoram para começar a falar ou
trocam os sons das letras e têm dificuldades para aprender a ler e escrever.
Ela pode ser chamada de “a mãe dos transtornos de aprendizagem” porque foi a
partir da identificação deste problema que se iniciou uma busca pelo conhecimento de
todos os outros tipos de distúrbios existentes. Com o passar do tempo, surgiu a
necessidade de estabelecer as diferenças entre os problemas na aprendizagem e, a partir
de então, eles começaram a ser subdivididos e classificados. A dislexia também foi
conhecida durante um grande período como “cegueira verbal congênita” devido às
dificuldades para ler e escrever em pessoas que possuíam visão normal.
Esse distúrbio se dá em crianças com audição, visão e inteligência normais, que
vivem em ambientes familiares saudáveis e possuem condições econômicas adequadas.
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Assim, em casos de dislexia, as causas não podem ser atribuídas a questões emocionais,
culturais ou instrucionais. Embora esses fatores tenham uma influência no desempenho
de pessoas disléxicas, eles não são determinantes.
Nos indivíduos que não possuem dislexia, a área esquerda do cérebro é a
responsável pela percepção e pela linguagem, subdividida em três partes: uma que
processa fonemas, outra que analisa as palavras e a última que reconhece as palavras.
Essas três partes trabalham em conjunto e dão capacidade para que os indivíduos
aprendam a ler e escrever. A crianças conseguem realizar essa tarefa apenas quando
reconhecem e processam fonemas, memorizando as letras e seus sons. Com o tempo e o
desenvolvimento da criança na leitura e na escrita, sua memória permanente começa a
ser construída, o que faz com que ela reconheça as palavras com mais agilidade e sem
grande esforço.
As crianças disléxicas possuem falhas nas conexões cerebrais. Elas podem
contar apenas com a região do cérebro responsável por processar fonemas e sílabas,
enquanto a área responsável pela análise de palavras, não exerce a sua função. Suas
ligações cerebrais não incluem a área responsável pela identificação de palavras e,
portanto, a criança não consegue reconhecer palavras que já tenha lido ou estudado. A
leitura se torna um grande esforço para ela, pois toda palavra que ela lê aparenta ser
nova e desconhecida. Para simplificar, pode-se dizer que a dislexia é causada por
alterações nas áreas do cérebro responsáveis pelos sons da linguagem e do sistema que
transforma o som em escrita.
Esse distúrbio é confundido com frequência com outros problemas de adaptação
escolar como os atrasos de desenvolvimento e a
deficiência mental ligeira, afinal, a criança
disléxica tem dificuldades em compreender o
que está escrito e de escrever o que está
pensando. Quando tenta expressar-se no papel, o
faz de maneira incorreta e o leitor não
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compreende as suas ideias. Abaixo você pode ver algumas das características mais
encontradas por crianças que têm dislexia:
Fraco desenvolvimento da atenção
Falta de capacidade para brincar com outras crianças
Atraso no desenvolvimento da fala e escrita
Atraso no desenvolvimento visual
Falta de coordenação motora
Dificuldade em aprender rimas/canções
Falta de interesse em livros impressos
Dificuldade em acompanhar histórias
Dificuldade com a memória imediata e a organização em geral
A pronúncia ou a soletração de palavras monossilábicas é uma dificuldade
evidente
Inversão de palavras de maneira parcial ou total
Exemplo: A palavra “casa” é lida como “saca”.
Inversão das letras e números
Exemplo: “p” por “b”; “3 por “5”
Alteração na ortografia em função de alterações no processo auditivo
Cometem erros na separação das palavras
Dificuldades em distinguir esquerda e direita
Alteração na sequência das letras que formam as sílabas e palavras
Dificuldades na matemática
Pobreza de vocabulário
Escassez de conhecimentos prévios (memória de longo prazo)
Falhas na elaboração de orações complexas e na redação espontânea
Copiam as palavras de forma errada mesmo observando na lousa como são
escritas.
Além disso, os disléxicos também sofrem com a falta de rapidez ao ler. Sua
leitura é sem ritmo e, muitas vezes e com muito sacrifício, decodificam as palavras, mas
não conseguem compreendê-las.
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As características colocadas acima não são suficientes para se fechar um
diagnóstico a respeito da dislexia, afinal, existem outros distúrbios de aprendizagem que
também possuem elementos parecidos, no entanto, elas podem ser usadas como um
ponto a partir do qual se é levado a procurar a ajuda de profissionais especializados e
buscar formas de superação.
A dislexia é responsável por altos índices de repetência e abandono escolar. A
ausência de conhecimentos dos professores contribui para uma evasão escolar e o
agravamento dos problemas enfrentados pelas crianças. Essas são incompreendidas em
seu fracasso e não valorizadas em suas tentativas vãs para superar suas dificuldades,
desenvolvendo uma imagem negativa sobre si mesmas. A escola se torna um ambiente
que causa ansiedade e as exigências dos pais e professores acabam se revertendo em
comportamentos agressivos, inibições e outros.
As crianças disléxicas precisam olhar e ouvir atentamente, prestar atenção aos
movimentos da mão enquanto escrevem e da boca quando
falam para associar os fonemas aos seus sons e à sua escrita.
É recomendada a montagem de “manuais” de alfabetização
apropriada para pessoas com essas dificuldades. Além disso,
o sucesso escolar de um disléxico está baseado em uma
terapia multisensorial (uso de todos os sentidos), sempre
combinando atividades que motivem o uso da visão, da
audição e do tato para ajudá-lo a ler e soletrar corretamente
as palavras. Abaixo estão colocadas algumas atitudes que podem ajudar essas pessoas
no processo de aprendizagem:
Usar folhas quadriculadas para matemática.
Usar letras com várias texturas.
Usar máscara para leitura de texto.
Evitar dizer que a criança é lenta, preguiçosa ou compará-la aos outros alunos da
classe.
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Não forçar a criança a ler em voz alta em classe a menos que demonstre desejo
em fazê-lo.
Suas habilidades devem ser julgadas mais em suas respostas orais do que nas
escritas.
Sempre que possível, a criança deve ser encorajada a repetir o que foi lhe dito
para fazer, isto inclui mensagens. Sua própria voz é de muita ajuda para
melhorar a memória.
Revisões devem ser frequentes e importantes.
Copiar do quadro é sempre um problema, tente evitar isso, ou dê-lhe mais tempo
para fazê-lo.
Demonstre paciência, compreensão e amizade durante todo o tempo,
principalmente quando você estiver ensinando a alunos que possam ser
considerados disléxicos.
Ensine-a quando for ler palavras longas, a separá-las com uma linha a lápis.
Dê-lhes menos dever de casa e avalie a necessidade e aproveitamento desta
tarefa.
Não risque de vermelho seus erros ou coloque lembretes como “você precisa
estudar mais para melhorar”.
Procure não dar suas notas em voz alta para toda classe, isso a humilha e a faz
infeliz.
Não a force a modificar sua escrita, ela sempre acha sua letra horrível e não
gosta de vê-la no papel. A modulação da caligrafia é um processo longo.
Use sempre uma linguagem clara e simples nas avaliações orais e
principalmente nas escritas.
Uma língua estrangeira é muito difícil para elas, faça suas avaliações sempre em
termos de trabalhos e pesquisas.
Além do apoio da escola, as crianças precisam receber apoio em casa. Os pais e
demais responsáveis devem ajudar a melhorar sua autoestima, oferecendo carinho,
sendo compreensivos e elogiando a cada acerto alcançado e encorajando a realização de
tarefas em que se saiam bem e que podem ser estimulantes. As crianças também devem
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ser ajudadas em seus trabalhos escolares e não se pode permitir que seus problemas
escolares impliquem em mau comportamento ou falta de limites.
Para diagnosticar corretamente a dislexia, deve-se procurar a ajuda de
profissionais como fonoaudiólogos, psicólogos, neurologistas e psicopedagogos. Não
se espera encontrar todas as dificuldades numa única criança disléxica, mas a presença
de pelo menos uma delas, associada às dificuldades de ler, pode fazer supor a existência
de um quadro de dislexia. Os problemas podem ser avaliados através de um
acompanhamento adequado e direcionado às condições de cada caso.
Faz-se necessário adequar métodos e materiais que atendam o desenvolvimento
da criança, bem como o acompanhamento e a observação para que se conheça as
particularidades de cada um considerando o seu tempo e a sua construção de saberes.
Para finalizar, é importante que se fale sobre o “dom da dislexia”. Quando um
dislexo domina alguma coisa, ele a aprendeu tão bem que pode fazê-lo sem pensar sobre
o que está fazendo. Dominar algo é realmente aprender algo. Se o processo de
aprendizagem é o mesmo, então quando alguém dominou alguma coisa, esta pessoa
criou conhecimento necessário para realizar aquela atividade.
B) Disgrafia
A disgrafia também é conhecida como “letra feia” porque as crianças que
possuem esse tipo de distúrbio, apresentam uma escrita ilegível e lenta. Isso leva a um
desempenho ruim na escola mesmo em alunos que possuem inteligência normal ou
acima da média. Esse problema constitui uma deficiência na qualidade do traço gráfico,
o que se reflete através de grandes dificuldades para escrever corretamente a linguagem
falada.
A criança com disgrafia tem dificuldades em coordenar as informações visuais e
na realização motora do ato de escrever. Alguém que tem apenas dificuldades para
escrever, mas não apresenta problemas em outras atividades motoras, provavelmente
não tem este distúrbio.
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Existem dois tipos de disgrafia: a motora e a pura. A primeira atinge a maioria das
crianças com este distúrbio e consiste na dificuldade
em escrever palavras e números corretamente. A
segunda é mais difícil de ser diagnosticada porque
aparece quando a criança sofre algum trauma
emocional e isso se reflete na sua letra. Existem
alguns sinais que podem indicar as relações entre os
problemas causados por este distúrbio e as condições emocionais da criança:
Letras pequenas demais podem indicar uma timidez excessiva.
Letras grandes demais podem indicar uma criança que necessita estar sempre no
centro das atenções.
Letras feitas com muita força, que chegam a marcar as outras páginas do
caderno, podem indicar que a criança esteja tensa.
No entanto, a disgrafia acontece também em crianças com capacidade intelectual
normal, sem qualquer transtorno neurológico, sensorial, motor ou afetivo. Elas, ainda
que tenham boas notas e facilidade de se expressar pela fala, não conseguem planejar os
movimentos para conseguir o traçado da letra. Ao observarem os conteúdos de uma
lousa ou um papel, não são capazes de reproduzir o que viram. Algumas das
características mais encontradas em crianças com este tipo de distúrbio são:
Letras ilegíveis
Traços pouco precisos ou incontrolados
Falta de pressão nos traços ou pressão muito forte a ponto de marcar o papel
Letras distantes ou extremamente juntas
Omissão de letras
Dificuldade em manter uma frase na mesma linha
Dificuldade em recordar a grafia correta para representar um determinado som
ouvido ou elaborado mentalmente
A criança escreve devagar, retocando cada letra, realizando de forma inadequada
as uniões entre as letras ou amontoando-as para esconder os erros ortográficos.
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A ortografia pode ser verificada como uma das dificuldades da disgrafia a partir do
momento que se exige rapidez e um ritmo gráfico de uma criança que ainda não
automatizou a relação som-letra. Nesse caso, a escrita das palavras é lenta e, na maioria
das vezes, incompleta, porque o aluno tem certas dificuldades em recordar com rapidez
qual a grafia para representar determinado som.
Todos os elementos anteriormente citados podem ser resumidos em três
características básicas:
Má organização da página
Essa característica está ligada à orientação espacial, ou seja, a criança encontra
dificuldades para organizar sua escrita numa folha de papel. O texto é apresentado de
forma desordenada com margens mal feitas ou inexistentes, espaço entre palavras e
linhas irregulares.
Má organização das letras
Incapacidade de seguir as regras caligráficas. O traçado é de má qualidade e os
contornos das letras são deformados.
Formas e proporções
Refere-se ao grau de limpeza do traçado das letras, sua dimensão (muito grandes ou
minúsculas), desorganização das formas e escrita alongada ou comprimida.
A disgrafia normalmente é observada um ou dois anos depois que a criança
aprende a escrever. É comum que os professores demorem para perceber o problema,
pois eles estão mais preocupados com o desenvolvimento intelectual dos alunos do que
com o motor. Embora não se treine de forma efetiva a organização espacial das
crianças, exige-se que elas tenham uma boa escrita, o que pode ser visto como uma
problemática na educação infantil. O professor deve ficar atento às possíveis posturas
inadequadas para poder corrigi-las o mais cedo possível e, junto com um profissional
especializado, estabelecer estratégias de ajuda que favoreçam a qualidade do traçado
gráfico.
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Uma grande parte dos professores não conhecem os distúrbios ligados à
aprendizagem e acabam julgando de forma errônea seus alunos ao dizer que eles não
são caprichosos, são preguiçosos e pouco esforçados. Por esse e outros motivos, é
preciso saber que o que diferencia uma letra sem capricho da disgrafia, é o fato de a
criança ter também outras dificuldades motoras leves como problemas na hora de
amarrar o sapato ou abotoar a camisa.
A idade mais indicada para se começar a tratar a disgrafia é a partir dos oito
anos, quando a letra começa a se firmar. Quando não tratado, o distúrbio pode trazer
problemas mais sérios na vida adulta, entre eles a dificuldade de comunicação. Em
processos seletivos como vestibulares, por exemplo, é preciso escrever textos
relativamente longos e tem-se pouco tempo disponível pra isso. Candidatos que sofrem
com a disgrafia, já se apresentam em desvantagem na concorrência.
Além da antecedência, a disgrafia precisa ser superada através de tratamentos
psicológicos e treinos motores. Sem a busca de um tratamento, a criança começa a se
sentir atrasada em relação aos outros alunos e não compreende porque não consegue se
expressar através das palavras no caderno. A finalidade dos tratamentos é fazer com que
a criança atinja o domínio do gesto e do instrumento, a percepção e compreensão da
imagem a reproduzir.
Algumas atitudes podem ser tomadas no sentido de minimizar os problemas
causados pela disgrafia. Pode-se citar como exemplo exercícios como o ombro (como
os realizados com o brinquedo “vai e vem”), para o cotovelo (como os realizados ao
jogar peteca), para os punhos e mãos (como brincar com massinhas ou argilas e pintar
com lápis de cor ou giz de cera).
Deve-se destacar ainda a importância dos esportes. Através deles é possível
trabalhar a orientação espacial e a coordenação motora da criança. Brincadeiras como
jogar vôlei, xadrez e peteca também podem ajudar na melhora da letra, já que fazem a
criança usar as mãos e planejar os movimentos.
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Não se pode descartar o papel que pais e professores têm nesse processo. Eles
precisam estar cientes das capacidades motoras da criança e não exigir resultados que
estão acima daqueles que ela pode apresentar num dado momento. É claro que não se
pode esperar que o aluno desenvolva suas habilidades sozinho, mas sim estimular esse
desenvolvimento através de práticas motoras baseadas em crescimentos graduais que
exijam pouco a pouco mais rapidez e controle do ato motor.
O desenvolvimento do controle motor é uma característica básica para atingir a
qualidade na escrita. Afinal, o ato de escrever mobiliza uma série de segmentos do
corpo. Antes de se atingir o nível ideal de desenvolvimento motor, que permite a
realização da escrita de forma rápida, precisa, legível e sem cansaço, a coordenação
motora passa por diversos estágios. Em cada estágio um segmento do corpo realiza uma
função até chegar o momento em que se atinge o controle total do ato de escrever, que é
caracterizado pela fixação do cotovelo na mesa e a rápida movimentação dos dedos
durante a escrita.
Além disso, não se pode esquecer que, independente da presença ou ausência de
dificuldades das crianças na escrita, alguns fatores são fundamentais para qualquer
pessoa que se proponha a escrever. Deve-se tomar cuidado e orientar as crianças para
que tenham uma postura adequada na hora de sentar e pegar no lápis ou caneta e
posicionar corretamente a folha de papel ou caderno em que se pretende escrever.
Para finalizar o assunto sobre a disgrafia, é preciso citar dois assuntos que,
embora possam parecer básicos, são de extrema importância que sejam considerados: a
caracterização do início da alfabetização e as peculiaridades pessoais dos traços gráficos
ou da letra da cada um.
Quando começa a ser alfabetizada, é natural que as palavras da criança não
saiam de forma perfeita no papel, afinal, ela está apenas começando a aprender. No
entanto, se com o tempo e o treinamento em cadernos de caligrafia, a criança ainda
estiver longe de escrever corretamente, é preciso que pais e educadores comecem a
buscar as causas dessas dificuldades e procurem formas de superação.
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Por último, não se pode esquecer também que o traçado gráfico é feito de
características pessoais e, portanto, vai adotando peculiaridades individuais ao longo do
desenvolvimento de cada um. Baseados nisso, responsáveis e professores não podem
impor nenhum modelo de letra para os alunos, mas sim respeitar o seu grafismo desde
que ele seja legível, claro e atinja o objetivo principal da escrita, que é a transmissão da
linguagem oral com o máximo de eficiência sem o desprendimento de grandes esforços.
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